Aos 104 anos, o prédio da escola, seu inicio e a primeira turma de alunos
“Estudando
conhecereis o mundo”. A frase na entrada do pátio e abaixo do nome da Escola
Estadual Visconde de Caeté, demonstra aos alunos e comunidade o porquê da
instituição chegar aos 104 anos de vida colhendo glorias, num país com o ensino
educacional tão desgastado. O aniversário da escola foi comemorado no último
dia 21, atingindo uma marca que poucas instituições conseguem alcançar,
mantendo a credibilidade e apreço da comunidade onde está inserida. Tudo pela
arte de ensinar e educar novos cidadãos.
Com
481 alunos matriculados no ensino fundamental em dois turnos, além dos
estudantes do programa de Educação para Jovens e Adultos – EJA, no período da
noite, nas comemorações do aniversário o número foi ainda mais acrescido, com a
presença de muitos ex-alunos, que participaram das atividades especialmente
preparadas para a ocasião, pela direção da escola.
Participando da história
Para
a supervisora escolar, Sânia Miria Diniz Ferreira, falar da escola é lidar
diretamente com a emoção. “Meus avós e meus pais estudaram aqui; e fazer parte
dessa página da história do Visconde é muito importante para mim. Por isso, tenho
um carinho especial pela escola que brilha muito, desde sempre, graças ao
empenho de todos aqueles que lutaram e lutam para que seja a referência que é
um âmbito estadual, e do apoio e respeito que recebe da população”, finalizou.
Sânia diz estar honrada ao fazer parte
da história, assim como toda equipe de funcionários
E
o respeito e o carinho dos esmeraldenses para com o prédio imponente que domina
a Paraça Getúlio Vargas vêm desde o dia 21 de janeiro de 1907, quando ali foi
instalada a Escola do Sexo Masculino, na época dirigida pela professora
Ambrosina Orsini e Castro, iniciando as atividades em 124 alunos matriculados.
Quem
conhece a história da Escola Visconde de Caeté sabe muito bem o papel
fundamental da instituição na história da cidade. É o caso da atual secretária
municipal de Educação, Jane de Fátima, que foi aluna e trabalhou na escola por
30 anos, e considera a instituição como uma formadora de cidadãos.
De
acordo com ela, desde o dia 21 de junho de 1908, quando foi publicado um
decreto transformando a Escola Masculina em Grupo Escolar, tudo se tornou novo
para a população da cidade. “Afinal, foi a primeira escola pública de
Esmeraldas. Conhecendo sua história, você pode ter a ideia do porquê sempre foi
sinônimo de educação com qualidade. É
que o corpo docente sempre competente, se reflete na formação dos
cidadãos que por ali passaram e vão passar. E
fazer parte desta história é uma honra”, arremata Jane.
Primeiro mimeógrafo
Quem
também se considera honrada, por exercer a paixão por lecionar no Visconde, é a
professora Maria Amélia Alcântara, 73, que, por meio da literatura, sempre
procurou passsar todo o conhecimento que acumulou, para os alunos, sempre
dizendo a eles “estudar tira a venda dos olhos; é o momento em que se começa a
desvendar o mundo. Educação não é ensinar só a ler e escrever, mas tudo aquilo
que está em volta da criação, o universo de possibilidades e conhecimento”,
complementou.
Foi
com este conceito que Maria Amélia ministrou em sua passagem pelo Visconde de
Caeté, lembrando, no entanto, que nem sempre tudo foi maravilha, nestes 104
anos de existência da instituição. “Teve um época que a escola sofreu muito com
a falta de investimentos, tanto que tivemos de fazer a venda de uma rifa para
comprar o primeiro mimeógrafo, que foi um evento ao chegar à escola”, disse.
Ela
relembra também, que outro momento marcante foi quando passou a ter merenda na
escola. “Só podiam merendar quem tinha feito um cadastro, mas sabíamos que
algumas crianças que não merendavam, às vezes passavam mais necessidades do que
outros e ficávamos com o coração apertado”, mas que, afora este fato, “a escola
tem um papel fundamental na história material e imaterial da cultura da cidade,
pois sentaram nas cadeiras da Visconde, alunos que se tornaram personagens ilustres,
profissionais importantes e, o mais importante, verdadeiros cidadãos”, sentenciou
a professora.